"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
Eduardo Galeano
“Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!”
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!”
Mário Quintana
A Universidade se constrói a partir de utopias e caminhada. A UnB foi criada como utopia. Imaginada como espaço de trocas de conhecimento e transformação. Ao longo de seus quase 50 anos, a UnB passou por caminhos tortuosos, obscuros, mas permaneceu de pé, sempre alimentada pela utopia de transformar o Brasil em um país mais justo e igualitário. Hoje vivemos um momento de profundas transformações na Universidade, que por um lado, caminha para uma maior democratização do acesso e requalificação de seus espaços mas por outro lado convive com o câncer da repressão a seus estudantes.
1968: A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo foi fechada por estudantes que exigiam melhores condições de ensino. O lema era: “Queremos formação e não formatura”.
2011: Três estudantes da UnB, ex-membros do CAFAU, são processados judicialmente por haverem no ano anterior protestado com a montagem de uma instalação artística, contra a metodologia de ensino adotada em uma disciplina. O lema parece ser: “Vocês vão ter que engolir”.
Este é o primeiro processo movido contra estudantes por realizarem ato político desde a ditadura militar de 1964-1985. É impossível para nós por meio deste documento expressar a profundidade de nossa indignação diante desta atitude arbitrária contra a liberdade de expressão dos estudantes. É uma ofensa aos Direitos Fundamentais garantidos pela Constituição Federal e à comunidade universitária.
É direito de qualquer cidadão apresentar críticas que visem à melhora de um serviço público. Nesse caso a crítica veio com arte, e a resposta dada foi absolutamente desproporcional, visto que além de despropositada na forma, demonstra uma tentativa de dividir o movimento estudantil, processando indivíduos e não o coletivo, representado pelo CAFAU. Consta ainda na lista de absurdos o fato de que as câmeras de segurança da Universidade foram utilizadas para a identificação dos autores da intervenção artística, desvirtuando completamente o sentido do sistema de vigilância. Algo que deveria ser utilizado com a finalidade de proteger os estudantes é utilizado para reprimi-los.
Darcy nos ensinou que “numa Universidade tudo é discutível”, inclusive os mecanismos utilizados para a troca do conhecimento, é papel dos estudantes promover o debate que gere a melhora contínua do ensino, da pesquisa e da extensão. Darcy também ensina que não devemos nos resignar, e nesse sentido, aprendendo com mestre, não vamos nos calar diante das injustiças. Nossa utopia hoje é transformar esta Universidade em um espaço de diálogo franco, onde ninguém seja reprimido por manifestar uma opinião que busque o aperfeiçoamento das coisas, e não pretendemos deixar sequer um dia de caminhar até esse ideal.
Brasília, cidade nascida da utopia, 02 de fevereiro de 2011.
CAFAU
Camaradas,
ResponderExcluiracompanhem mais notícias do movimento estudantil no blog da Oposição Combativa Classista e Independente (CCI) ao DCE UnB:
WWW.OPOSICAOCCI.BLOGSPOT.COM
Em 1977 os estudantes da FAU/UnB, levantaram-se em defesa de "liberdades democráticas" (forma velada de dizer "abaixo a ditadura") e pela reconstrução das entidades estudantis então desmanteladas e colocadas na clandestinidade pelo aparato repressor oficial.
ResponderExcluirAs consequências desses atos foi uma brutal repressão policial e´política, verdadeiro terror que não pode jamais ser admitido.
Mas pouco tempo depois o regime começou a ceder e ruir, lentamente, mas nos libertamos das trevas e do terrorismo oficial.
O espaço físico utilizado é o mesmo de hoje onde está o CAFAU e a praça do atelier.
E estive lá e posso, meninos, com muito orgulho dizer que vi e não fui omisso.
Os ideais não se perdem, mas estão renovar e evoluir nos ciclos da experiência humana.
A luta tem que continuar.
Pace e bene!
Silvano Pereira, aluno da FAU de 1972 a 1978.
Silvano,
ResponderExcluirQue fantástico isso dos alunos da FAU nunca serem omissos diante das injustiças. Esse exemplo de vocês nos inspira ainda mais a continuar com nossa luta. Me emocionei de verdade aqui. Muito obrigado!
Octávio Sousa
Presidente do CAFAU